quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

ALMEIDA NOS BASTIDORES

O senador Almeida Lima (PMDB) está trabalhando sem aparecer. Conversa com prefeitos, recebe amigos em casa e faz política dentro do seu novo estilo. Surpreendeu-se com a informação, divulgada pelo governador Marcelo Déda (PT), durante entrevista ontem ao radialista Gilmar Carvalho, de que o líder do PMDB na Câmara Federal, Henrique Eduardo Alves (RN), havia telefonado para ele sobre a sua [de Almeida] indicação para ocupar um Ministério em Brasília. Almeida Lima disse que está vivendo hoje um momento diferente daquele que conversava política no ano passado, antes do recesso parlamentar. Acrescentou que nunca falou sobre esse assunto com Henrique Eduardo e foi mais adiante: “não estou trabalhando a possibilidade de ocupar nenhum ministério”. E foi enfático: “essa não é minha prioridade política. A minha prioridade é participar ativamente do processo eleitoral de outubro próximo”.
Olha lá a confusão...
Deixou bem claro que será candidato e a cargo majoritário – vice, senador ou governador. Preferiu não revelar agora o que pretende disputar. Lembrou: “o deputado federal Jackson Barreto disse uma coisa esta semana, e disse certo. Falou que não me apresentei como candidato ao PMDB”. E explicou que realmente foi isso, “mas não entrei porque não é tempo. Estamos saindo de janeiro e entrando em fevereiro. As convenções são daqui a cinco meses e eu não tenho pressa”. Insistiu que ocupar ministério não será seu próximo passo: “vejo-me participando do processo eleitoral”. O senador disse que não quer se mostrar candidato neste momento: “isso não me interessa”. E antecipou que vai viajar a cinco municípios nestes próximos dois dias e conversar com prefeitos, lideranças do interior e com o povo: “prefiro aparecer dessa forma”.
O senador Almeida Lima demonstra uma certa tranquilidade. Pensa e mede as palavras que fala e só admite aparecer, dentro de uma mobilização como candidato, “se for para ocupar um espaço de forma positiva em um projeto político maior, do ponto de vista do Estado”. Caso contrário, prefere ficar sem os holofotes. Revelou que na segunda-feira esteve no hospital Cirurgia para visitar o irmão, ex-prefeito de Nossa Senhora das Dores, José Américo de Almeida Filho. Disse que passou um bom tempo e sentiu as mudanças em um hospital que ele teve condições de ajudar a fazê-las como senador: “constatei que o político pode fazer muito pelo ser humano e só quero ser visto dessa forma”.
Para o senador, com o seu novo perfil e esse pensamento que aparenta modernidade e avanço, caso tenha condição de se inserir em um grupo político, para ser útil ao Estado e à sua gente, está tudo bem. Beleza. “Mas, para ocupar um espaço brigando com o deputado federal Jackson Barreto ou qualquer outro político, isso não me interessa”. Pacífico, de tom moderado, metamorfoseado (já disse isso aqui) Almeida Lima reconhece que a disputa eleitoral é uma guerra: “só que numa guerra cada um tem a sua maneira de se armar. A minha é outra”. E citou Nelson Mandela, o rebelde que se transformou presidente da África do Sul, e Mahatma Ghandi, líder pacifista indiano e principal personalidade da independência da Índia: “eles venceram a guerra sem pegar em armas”.
É nesse tom meio pacifista, diferente do Almeida que se viu, ouviu e assistiu em 2008, que ele diz: “vejo que na política existe um espaço para se fazer um trabalho voltado para o Estado e para o cidadão”. E estendeu a mão: “não quero ter de brigar com Jackson Barreto [seu primo] e nem ele comigo”. Acrescenta que poderá até ser oposição ao primo, mas não vai brigar com ele. Acha que isso não interessa ao bem comum: “quando pedi para levantar a bandeira branca, não foi apenas por força da retórica. Tanto que posso cumprimentar Jackson Barreto no dia que ele desejar. Não virei monge Beneditino, apenas gostei de chegar à maior idade política”.
Alguém que estiver próximo a Almeida dá um beliscão nele. É possível que esteja entrando em alfa ou seguindo para um espaço superior. De qualquer forma, o senador não está brincando, nem tentando impor nada. É legítimo o seu direito de reivindicar a reeleição ou outro mandato majoritário. De alguma forma, é mais um para acomodação
POR DIÓGENES BRAYNE

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