quarta-feira, 2 de junho de 2010

CHAPAS E DEFINIÇÕES

O fato da aliança liderada pelo governador Marcelo Déda (PT) ter fechado o entendimento para composição com o empresário Edvan Amorim (PR), que incluirá o PSC e Cia., na coligação, não quer dizer que está tudo resolvido em definitivo. A palavra está dada e o compromisso selado, mas a política também é a arte do desencontro e dos desencantos. E o percurso que se tem pela frente ainda é longo. Amorim deixou o encontro com o governador Marcelo Déda, quinta-feira passada, com a chapa majoritária montada, incluindo o nome do irmão, deputado federal Eduardo Amorim (PSC), como candidato ao Senado Federal. Um dos fatos que atravancava a decisão era a possibilidade do deputado federal Ulices Andrade (PDT) ser eleito conselheiro do Tribunal de Contas e só tomar posse depois de cumprir todo o mandato, à frente da Presidência da Assembléia Legislativa, lugar que o PSC pretendia para a vice-presidente Angélica Guimarães.
Isso já foi resolvido e a votação em favor de Ulices será tranquila e poderá acontecer dentro de mais uma ou duas semanas. A posse do novo conselheiro será tão rápida quanto à sua eleição para o cargo. No próximo semestre, o legislativo será administrado pelo PSC, já que o deputado André Moura é o primeiro secretário. Queira ou não, é uma força a mais. Apesar de tudo posto em seu lugar, Edvan Amorim não comunicou que fechou a aliança. Até negou. Disse que faltava pouca coisa para o enlace final. Na realidade, não falta nada. O problema é que Edvan – com carta branca para decidir o que quiser em nome do bloco – definiu tudo, mas quer comunicar ao pessoal, em forma de consulta, dentro de 15 dias [no máximo], porque não havia tempo para uma reunião neste momento. Provavelmente, no dia 06 de junho haverá convenção prévia do PT, para escolher Marcelo Déda como o pré-candidato à reeleição e no dia 09 anunciar a formação da chapa, em clima de festa.
A partir de agora o que resta é administrar possíveis contratempos, para evitar algum tipo de tempestade. Está tudo muito calmo, o ambiente é de absoluta tranqüilidade e a composição caminha com passos firmes para fechar a coligação e cair no campo tortuoso da campanha eleitoral, onde, aí sim, se inicia verdadeiramente o jogo de caça aos votos, por mais fechado que estejam os colégios e currais. Há uma barreira que deve ser vencida com a mão firme dos líderes. O bloco mais à esquerda do Partido dos Trabalhadores não vota no PSC – pelo menos é o que se tem visto e ouvido – e isso é uma questão complicada para os dois partidos, porque quem acredita na unidade da aliança, não pode ouvir debates como o ocorrido entre os deputados André Moura (PT) e Ana Lúcia (PSC), na Assembléia Legislativa, terça-feira passada.
Além disso, os candidatos proporcionais que lotam os partidos pequenos liderados pelo PSC estão querendo saber se vão entrar apenas com o voto. Além de deixarem claro que não vão aceitar o chapão, pretendem se dividir em três coligações – dentro da potencialidade eleitoral dos candidatos – para que façam o maior número possível de deputados. E não é só isso: querem carinho. Edvan pode até dizer que em grupo que ele lidera ninguém precisa de carícias. Mas, com praticamente 40 candidatos e 400 mil votos, que também devem ser transferidos para os majoritários, não há como impedir que esse pessoal fique obediente e resistente a um tratamento carinhoso, daqueles que serão agraciados pelos votos que cada um conserva com o seu trabalho de base. O próprio Edvan já disse: com “santinho” dividindo espaço com majoritários, ninguém sobrevive a uma campanha tão dura. E então?
Marcelo Déda conseguiu o que quis. E o fez da forma que previu: sem problemas e sem brigas, com todos os partidos coesos. Falta apenas uma boa conversa com o vice-governador Belivaldo Chagas (PSB), que foi isolado e sequer avisado com antecedência para escolher o seu rumo. É possível que tudo termine bem, porque ter o PSC era o objetivo maior do bloco liderado por Marcelo Déda, que tem a expectativa de continuar por mais quatro anos à frente do Governo.
Lógico que há muito que se ver, mas a composição com os cristãos foi um fato que estava escrito para acontecer.

DIÓGENES BRAYNER
www.faxaju.com

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