terça-feira, 26 de janeiro de 2010

DEPOIS DO PRÉ-CAJU

Politicamente, o Pré-caju não foi igual a outros anos de eleição. A maioria dos políticos não montou camarote para ficar de frente acenando à população. O que foi inteligente. Ali não se conquista um único voto. A moçada quer curtir e está se lixando para quem fica nos camarotes, onde momentaneamente um cidadão acena para ninguém. Aparecer no bloco talvez faça bem. Entre as cordas, sem compromissos, pode despertar o olhar de um ou outro eleitor. Mas nada que impressione. Jackson Barreto fez isso. Aliás, sempre fez. Ninguém o vê como político naquele momento. Nem ele se faz de. Curte. Simplesmente curte. É do seu estilo e dá certo. Ninguém dá tão certo no meio desse carnaval como Jackson. De Aracaju ele vai a Salvador e, onde tiver banda, Jackson está no meio e se diverte. Os camarotes que se montavam tinham um quê de objetivo eleitoral. Hoje os políticos sabem que não tiveram um único voto a mais, porque fizeram ponto no corredor da folia.
De qualquer forma, nos bastidores, conversou-se muito sobre política. Mas nada tão interessante. Sinal de que o Pré-caju já não põe na ordem do dia entendimentos ou rompimentos. Fica tudo como era antes no quartel de Abrantes. Um fato novo: a presença de deputados de outros Estados no corredor da folia. Esse ano vieram onze. Teve mais deputado do que artista da Globo. Aliás, isso acabou. Estava aí uma ex-bbb sem graça, e sem motivo, porque ser bbb não vira celebridade. Depois desse Pré-caju, que vem mantendo uniformidade, a produção do evento precisa repensar para inovar e atrair. É bom lembrar que os Estados do Nordeste já não realizam prévias como antes. Fortaleza, que realizava um carnaval fora de época infernal, o Fortal, nos meses de julho, acabou. Causa simples: caiu na mesmice. E isso fez com que a sociedade da cidade deixasse de frequentá-lo. Passou a ser uma festa só para turistas e começou a dar prejuízo.
Esse ano, casualmente, sentei para comer um espetinho. Ouvir da barraqueira: “esse ano está bem mais fraco que no ano passado”. Apesar de ter colocado um dia a mais, o Pré-caju limita-se a poucos blocos. Oferece opção restrita, Chiclete com Banana e Asa, que se divide em Coco Folia e Cerveja & Cia. Tiveram mais dois blocos alternativos como “Uau” e Jammil, além de uma desritmada banda de forró. O restante foi trio puxando a pipoca, embora tivessem cantoras do porte de Margareth Menezes e da nossa Amorosa se fizessem presentes. É verdade que democratizou. E isso é bom. Mas lembro de Netinho, Ricardo Chaves, Araketu, Timbalada, Gil, Daniela Mercury, Banda Mel e tantas outras que abriam concorrência e ofereciam maior opção a um publico exigente. Se essa gente caiu no ostracismo, que se traga outros. Entretanto, reduzir as atrações e aumentar a presença de pequenos trios pode dar a impressão de movimentação, mas não significa crescimento ao nível do que era antes.
Por que Caranguejo Elétrico se agigantou? Porquê passou a trazer atrações como Osmar e esta ano uma imensa banda de frevos do Recife. E por que as Cajuranas mantiveram o número de participantes, sem trazer atrações? Em razão da irreverência, do deboche, do engraçado. Quem não sabe o que terá no próximo ano? Podem anotar: uma reprise do que houve nesse e assim até um dia que todos cansem. Muita gente aproveitou os quatro dias para viajar à Barra de São Miguel, em Alagoas, onde havia festa. E outra multidão se deslocou a Salvador para o Festival de Verão. Por tudo isso – insisto – pela mesmice, pelo formato, pelas mesmas caras e bocas, é que os promotores do evento têm que reestudar um novo formato para o Pré-caju, a fim de não ter que decretar a sua morte. Não há como negar que a prévia é o maior evento que antecede ao carnaval, até porque não existe outro. Mas, em termos de atração, comparem com o Micarana, que acontecerá em Itabaiana, no mês de abril.
Nada se sustenta por tanto tempo sem mudar. É bom que o Pré-caju não morra nem por inanição, imagina por falta de atração. É bom rever, avaliar, mudar, trazer outros atrativos e reviver os melhores tempos em que a prévia era diversificada, com várias opções. Anotem: Ivete, Durval e Bel não levarão por mais tempo os aracajuanos à avenida e não serão mais atração para turistas, assim como aconteceu com outros artistas que por aqui já passaram.
POSTADO POR DIÓGENES BRAYNER

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