quinta-feira, 22 de abril de 2010

DEPUTADOS GOVERNISTAS SE ESCONDEM EM GABINETES PARA NÃO TRABALHAR

Por falta de quorum, sessão de hoje sequer foi aberta. Apenas deputados da oposição marcaram presença.
“O que aconteceu hoje na assembléia foi uma falta de respeito. Nunca, em nenhuma outra legislatura, aconteceu algo desse tipo”. Foi com essas palavras que o deputado democrata Augusto Bezerra falou sobre a não abertura da sessão de hoje, 22, por falta de quorum na casa. De acordo com ele, o abandono da assembléia aconteceu por ordem do governador Marcelo Déda e do prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira. Isso porque um grupo de famílias desabrigadas pelas chuvas estava no local para reivindicar uma solução para o fato de que amanhã elas serão retiradas das escolas e enviadas para galpões.
Apenas os deputados de oposição marcaram presença no plenário, enquanto os aliados do governo permaneceram em seus gabinetes e nos corredores da Assembléia Legislativa. “Não houve sessão porque o líder do governo não deixou e isso é lamentável, é uma imensa falta de respeito. Mas esse tipo de manobra não tem resultado, não adianta porque um dia eles terão que ouvir. Essas pessoas vão voltar aqui para mostrar à sociedade que estão sendo tratadas como animais”, declarou Augusto.


DEPÓSITOS

Após a decisão da presidência da casa em não começar iniciar os trabalhos, o deputado se retirou do plenário e foi conversar com as famílias no saguão da assembléia. Ele voltou a demonstrar preocupação com a forma que a prefeitura de Aracaju está tratando os desabrigados carentes. “É uma situação lamentável porque essas pessoas são pobres, mas são pais e mães de família que estão sendo tratados como animais e a prefeitura quer mandar essas pessoas para um depósito”, disse.
Bezerra afirmou ainda que iria fazer um pronunciamento sobre a situação e que, por isso,o então líder do governo, Francisco Gualberto, a mando do governador Marcelo Déda e do prefeito Edvaldo Nogueira, pediu para que a bancada da situação se retirasse. “São deputados que agora não vão mais trabalhar, porque no dia que vierem terão que escutar o que estão fazendo com o povo da Terra Dura. O povo é gente e precisa de respeito. Na Zona Sul colocam as pessoas em hotéis, mas as pessoas do Coqueiral, Terra Dura, Prainha e Morro do Avião vão para depósitos. Eles estão em colégios, em condições sub-humanas”, disse ele solicitando ao prefeito Edvaldo Nogueira que coloque as famílias em residências decentes.
Augusto Bezerra disse ainda que a atitude de fuga dos colegas parlamentares teve outro objetivo: encobrir as falhas do governador de Sergipe que teria recebido dinheiro para execução de obras nos bairros atingidos pelas chuvas, mas nada fez até o momento. “A gente que saber onde está o dinheiro do PAC. Dinheiro que veio para o saneamento do Santa Maria e Coqueiral. Porque nada foi feito lá” questionou o parlamentar.




PROTESTO

Revoltadas com a desfeita dos deputados governistas, as famílias desabrigadas se reuniram no saguão da assembléia onde protestaram contra a atitude da prefeitura. De acordo com dona Lenira Santos, o local para onde a PMA quer enviá-los não tem condições de habitação. “Nós já estamos no colégio vai fazer 15 dias, só que a gente tem que sair de lá amanhã e quem não sair vai ser retirado pela polícia pra levar o povo para o galpão, mas lá não tem condições, é uma situação triste. Se no colégio as crianças estão doentes, imagine nesse galpão onde tem uma fossa estourada bem na frente?”, desabafou a desabrigada.
Antes do horário de início da sessão, alguns deputados do governo circularam no plenário, mas, ao constatarem a presença das famílias no local, preferiram se retirar, o que causou revolta aos moradores da Terra Dura. “Eu estou me sentindo constrangida, humilhada. Viemos aqui para ouvir da boca deles uma solução para nossa situação, mas eles suspenderam a sessão para não ouvir a gente. Mas não tem problema não, a eleição esta vindo aí”, afirmou Lenira.
Rodeada de moradores vizinhos de sala de aula, ela reclamou também da decisão do uso de força policial e não entende a atitude, já que as escolas não foram invadidas, mas ocupadas por ordem da própria prefeitura. “Se a gente não sair, vão chamar a polícia, mas nós somos o quê? Marginais, vagabundos? A gente não invadiu nada não, foram eles que mandaram a gente pra lá”, finalizou.

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